Um pacto com a luz

Quem nasce numa ilha como a Madeira sabe que as flores e os frutos são uma espécie de confidência. Na pintura de Marta de Castro eles estão a assinalar o enigma e a revelação da vida. Por vezes apresentam-se fechados como assinatura desse mistério que nos acompanha, ainda por abrir, sempre por conhecer.
Outras vezes desenham-se abertos ou cortados a meio, expostos como ferida e íntimo segredo. Também isso somos. Esta pintura é um espelho silencioso que nunca nos devolve só a aparência, mas oferece-nos os contornos daquilo que, em nós, é interior e invisível. Assim revisita (e permite-nos revisitar) o pacto que temos com a luz.
 
 
José Tolentino Mendonça